A linha de trabalho dos
Baianos surgiu de forma organizada e efetiva a partir da década de 50 e reflete
o arquétipo de um povo alegre, persistente, forte, firme na sua fé e
determinado em seus ideais. Esta linha de trabalho, também chamada “Povo da
Bahia”, nos remete à história do nosso País, desde a sua colonização até os
dias atuais, pois somos um povo miscigenado, misto, formado por antepassados de
várias origens e vários países, de várias raças e várias crenças, e o Povo da
Bahia reflete exatamente todos estes componentes e retrata o povo brasileiro.
Os Baianos são amigáveis, amorosos, devotos, universalistas e festeiros. Há uma
corrente da Umbanda que nos diz que a Linha dos Baianos engloba espíritos de
antigos Sacerdotes da Bahia e de outras regiões, e é regida diretamente pela
nossa sagrada Mãe Iansã que nos resgata, acolhe e redireciona para que possamos
voltar a trilhar o caminho da nossa evolução, mas possui também ligações com
nossos sagrados Pai Oxalá e Mãe Oiá-Tempo (Logunã), já que está ligada à Fé e à
Religiosidade dos seres. De acordo com essa teoria, a linha dos Baianos foi criada no plano
espiritual considerando todas as afinidades com o povo brasileiro e para
homenagear e abrir campo de trabalho para os antigos Pais e Mães no Santo da
Bahia (que foram os primeiros a cultuar os Sagrados Orixás mesmo enfrentando
todas as dificuldades criadas pelo preconceito da sociedade) e de outros
Estados do Brasil.
Nos
rituais da Umbanda, apresentam-se com seu modo de falar cantado e com o modo de
agir e de se movimentar característicos de sua cultura regional. Como já foi
dito, nem todos os guias que se apresentam através desta linha de trabalho são
da Bahia, eles podem ser de todas as regiões e apresentarem traços e
características afins. São bons ouvintes e conselheiros, agem como bons amigos,
conversam bastante, falam baixo e arrastado, são atenciosos e carinhosos com
seus médiuns e com os consulentes de fé, mas tem o hábito de “não levar
desaforo para casa”. São francos e honestos, doa a quem doer, aprenderam no
dia-a-dia da vida e na lida do trabalho pesado e não dão moleza para aqueles
que precisam mudar e aprender a caminhar. Muitos dos guias desta linha têm
conhecimentos variados e específicos de suas vivências, podem se apresentar
parecidos com negros velhos, com homens do campo, com homens e mulheres
trabalhadores que viviam à margem da sociedade, apresentando o gingado da
capoeira, o balanço de suas danças, o conhecimento de magias e ervas
medicinais. São guias que estão numa dimensão mais próxima a nós do que os
Pretos-Velhos, porque em sua maioria tiveram vivências mais recentes no plano
material e mais próximas à nossa realidade. São mestres em nos ensinar e
orientar a sermos mais flexíveis diante da vida, a superar os obstáculos com
criatividade e bom humor. Têm uma imagem semelhante ao arquétipo do povo da
Bahia, de jeito simples, pés no chão, cheios de fé e muita calma e
tranquilidade.
Mas
devemos lembrar que são muito sérios e compenetrados em seus trabalhos, pois
atuam fortemente no desmanche de demandas e magias negativas. Podem vir com
traços fortes da Direita ou da Esquerda pois têm muita facilidade e
flexibilidade para atuar nos dois campos, mas cada guia tem a sua linha
principal de atuação e não devemos confundir as coisas. Podemos citar como
exemplo os Pretos-Velhos, normalmente são da Direita mas existem aqueles que
podem também atuar na Esquerda e são conhecidos como “virados”. Normalmente, se
referem aos Exus com certa intimidade chamando-os de “Meu Cumpadre” pois tem
grande afinidade e proximidade com eles. Costumam trazer recados da quimbanda,
do povo da rua, e alguns Baianos podem até, eventualmete, adentrar na
Tronqueira para realizar algum “trabalho”. Enfrentam os eguns (quiumbas) de
frente, chamando para si toda a carga do embate. Eles têm como prioridade a
doutrinação e o encaminhamento desses espíritos desequilibrados, mas quando há
resistência e o irmão negativado apresenta comportamento agressivo e arredio,
então o Baiano atua com firmeza na sua contenção podendo até mesmo “amarrá-lo”
e entregá-lo à força para a Lei Maior e para a Justiça Divina. Os Baianos podem
se apresentar quietos, sérios, calados, mas podem vir cantando, dançando,
girando, ou da forma que melhor permita o seu desempenho dentro dos trabalhos a
serem realizados.
Os
Baianos manifestam uma energia muito positiva, de alto astral e harmonia. Não
são bagunceiros e não fazem algazarras, chegam com respeito e responsabilidade,
aptos a nos guiar e ensinar com suas respostas certeiras e rápidas. Atuam
especialmente em benefício daqueles que sofrem por tristezas e mazelas
provenientes de problemas sociais, mas estão prontos a ajudar todos aqueles que
os procuram e pedem auxílio. Esta linha de trabalho traz muita paz, equilíbrio
e harmonia, transmitem perseverança para superarmos as dificuldades da vida,
entusiasmo e alegria para que possamos viver nosso aprendizado da melhor
maneira possível. Apresentam-se mais comumente com vestes comuns ao povo da
região nordeste do Brasil, inclusive das comunidades carentes nas cidades
grandes. Podem utilizar chapéus de couro ou palha (lembrando os Cangaceiros),
roupas de todas as cores, predominando o branco e o tecido cru, podem utilizar
adereços como fitas, cordas, violas, berimbau, na maioria das vezes podem se
manifestar utilizando sandálias nos pés.
Nomes de alguns Baianos
mais conhecidos:
Zé Baiano, João Baiano, Zé do Côco, Zé
do Berimbau, Zeca do Côco, Zé Pretinho, Zézinho Baiano,
Baiano dos Sete Cocos, Chico Baiano, Serafim, Joaquim Baiano, Zé da Lua, João
do Coqueiro, Zé do Prado, Chica Baiana, Maria das Candeias,
Maria do Alto do Morro, Maria Baiana, Maria dos Remédios, entre
outros.
Ervas
dos Baianos: buchinha do norte, jurubeba, saião, boldo, louro, cânfora, tiririca,
hortelã, girassol, erva de santa Luzia
Seu
dia:
terça-feira (dia da regente da linha - Iansã)
Cor:
amarelo (Iansã), branco
(Oxalá) e azul noite ou prata (Oiá-Tempo/Logunã)
Oferenda: Velas
amarelas, brancas e azul noite ou prata, flores amarelas e brancas, côco verde,
côco seco, abacaxi, cajú, manga, laranja, pitanga e as de casca amarela ou
vermelha, cocada, azeite de dendê, comida típica da Bahia, farofa com carne
seca, água, água de côco, suco de graviola, cachaça, batida de côco, cigarro de
palha, fumo de rolo, cigarro “branco”
Ponto
de força: aos pés de coqueiros ou palmeiras ou de acordo com o campo de atuação
do Guia. Ex: João Baiano da praia – ponto de força no mar, Zé Baiano de Ogum –
ponto de força nos caminhos, estradas, estradas de ferro
Saudação: Salve, os Baianos!
Muito bom gostei do grupo é muito bom para firmar as entidades que representam os caboclos
ResponderExcluirTenho interesse em conhecer a linha dos bahiano
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