A linha de ação e trabalho
do povo Cigano (na Umbanda) surgiu no plano astral diante da necessidade de atuação de
vários Guias e espíritos que já se encontram na Luz e que possuem algum ou
vários mistérios em seus íntimos e os manifestam para a Caridade, auxiliando
seus irmãos e promovendo a sua própria ascenção espiritual ampliando seus
conhecimentos e aumentando seus campos de atuação. Assim com as outras linhas
de trabalho, recebe em seus grupos de atuação Guias que foram realmente Ciganos
ou espíritos de não Ciganos que tem afinidades com a sua forma de ação. Não há uma definição exata quanto a sua regência, ela pode ser associada com a Mãe Egunitá (que tem
representação com Santa Sara Kali Yê, de quem são devotos) e com os Orixás
ligados ao Tempo e à Fé, ou seja, com nossas Sagradas mães Oiá-Tempo (Logunã) e
Iansã e com o Sagrado Pai Oxalá. Todos os Guias da linha do Povo Cigano são
sustentados por Eles e podem vir a receber as irradiações dos outros Pais e
Mães Orixás e atuar em seus campos de ação e trabalho. Os Ciganos são um povo que
sofreu, e ainda sofre, muita discriminação e perseguição pelo seu modo de vida
errante, independente e livre. Os estudos indicam que passaram por inúmeros países e
regiões, adquirindo os mais diversos conhecimentos de todas as culturas
existentes na Terra. Viveram muito tempo no Egito, onde aprenderam muito sobre
a alta magia, sobre simbolismo, ourivesaria, pedrarias, entre outros
conhecimentos. Por este motivo, o termo “cigano” é relacionado com “egipciano”
e “gypsy” de “egyptian”, são comumente chamados de gitanos. Relatos indicam
que, tempos depois, eles teriam se estabelecido por milênios na Índia. Mas que
de lá foram expulsos por viverem de acordo com a sua natureza íntima e não se
subordinarem às leis e governos autoritários da época. A partir daí, retomam
sua natureza de povo nômade, viajante, e voltam a trilhar o mundo com a sua
caravana, conhecida como “Caravana do Sol”. Diz a lenda que os Ciganos são como
o vento, não se sabe de onde veio, para onde vai, e não se pode conter em um
único lugar. Eles tem o Céu como seu teto, a Terra como sua pátria e a
liberdade como sua religião. São guardiões da liberdade e da alegria de viver e
dos mistérios positivos e sagrados da Magia Planetária.
Os Ciganos originais são
descritos como pessoas de pele morena ou escura, cabelos lisos negros, olhos
escuros e amendoados, com rostos normalmente de traços finos. Muito semelhantes
aos egípcios e indianos. Eles possuem uma língua própria chamada romanês, que é
derivada do hindi e do sânscrito. Amam e respeitam a natureza, suas plantas e
seus animais, o Sol, a Lua, as Estrelas, as águas, os ventos, os raios, os
trovões e o fogo. Sua música tem uma base muito forte indiana e flamenca (da
Andaluzia) mas tem uma influência eclética de todas as regiões do globo, têm
passos de dança muito bonitos, alguns batendo palmas, batendo os pés no chão,
podem utilizar instrumentos musicais, guisos, castanholas, roupas bastante
coloridas ou apenas com cores vivas e fortes. São muito místicos e esotéricos,
estudam e conhecem os astros e suas influências sobre nós, apreciam os jogos de
cartas, runas, leitura das linhas das mãos, todas as formas de se ver e prever
o futuro. Por se tratar de um povo muito alegre e “barulhento” (falam alto),
com sangue quente nas veias, além de suas crenças livres, eram costumeiramente
mal vistos e expulsos de cidades, regiões e países. Foram perseguidos durante a
Inquisição, pelos nazistas, viveram muitas dificuldades e humilhações, mas
sobreviveram. Tudo isso os torna um povo forte, persistente e cheio de
ensinamentos a compartilhar. Aprenderam a subsistir, a viver, em grupos
chamados de clãs, eles faziam suas roupas, suas jóias, suas armas, seus instrumentos
musicais, tratavam de sua saúde, do seu corpo e do seu espírito. Devido a todo
este conhecimento e as todas essas vivências, o Povo Cigano tem um vasto campo
de atuação. Mas, fundamentalmente, atuam no pólo positivo. Alguns dos Guias
Ciganos se manifestavam nas giras de esquerda apenas quando era estritamente
necessário para auxiliar seu médium porque as casas de trabalho não promoviam
giras específicas para a linha cigana. E por existirem algumas Senhoras
Pombagiras que recebem irradiações para atuar em campos negativos do mistério
Cigano e algumas Senhoras Ciganas que recebem irradiações para atuar em campos
do mistério Pombagira, houve um entendimento errôneo de que todo o Povo Cigano
atua como os Guias da esquerda. O que não é verdade. Todos os mistérios divinos
têm os seus Exus Guardiões e Pombagiras Guardiãs, o mistério Cigano também os
tem. Mas são Senhores Exús e Senhoras Pombagiras de fato, que atuam sob o
amparo do mistério Cigano. Também podemos considerar os casos em que os Guias
tem campos de atuação tanto nos pólos positivos quanto nos negativos. Um
exemplo disso são os Pretos-Velhos “virados”.
Hoje, a linha do Povo Cigano
é conhecida e respeitada, e apenas agora as casa de trabalho estão abrindo
espaço para a sua atuação nos pólos positivos. Devemos esclarecer que o Povo
Cigano é uma linha da direita e que está bem próxima à linha do Oriente. Muitos
ciganos e ciganas atuam sob as irradiações do Oriente Sagrado, mas esta é uma
outra linha de trabalho composta por Guias de todas as linhas e irradiações
divinas. Isso deve ser bem compreendido, para que as casas de trabalho e os
médiuns possam melhor conhecer e interagir com as forças espirituais que os
assistem. No plano espiritual também existe a liberdade mas, acima de tudo, há
o respeito às hierarquias divinas e às linhas trabalho. Quando um Cigano se
integra à uma falange ou à um grupo de atuação, ele sempre respeita suas normas
e diretrizes. A liberdade está em seu livre arbítrio, em suas escolhas pessoais
e não em seu posicionamento diante dos Orixás e dos Mestres Divinos, pois a
todos deve respeito e obediência. Um Cigano tem liberdade mas segue um padrão e
um posicionamento integro em respeito à linha de trabalho, à forma de atuação,
à casa de trabalho que o recebe e ao médium com o qual atua. Um Guia
incorporado que não respeita a forma de atuação da sua falange, a casa de
trabalho ou mesmo o médium, não é um Guia espiritual mas um obsessor tentando
se passar por Guia.
Os Guias Ciganos atuam
trazendo o sentido de liberdade, a alegria de viver, o amor, a saúde do corpo e
do espírito, a elevação espiritual, a dedicação aos dons do espírito, a
proteção, o amparo, quando necessário alguns podem vir a atuar como agentes da
Lei Maior e da Justiça Divina, transmutando karmas, recolhendo espíritos
desequilibrados que possam estar atuando negativamente sobre as pessoas,
anulando magias negativas. Auxiliam também no recolhimento de nossos irmãos
desequilibrados que já manifestam alguma possibilidade de regeneração.
Alguns Ciganos e Ciganas mais conhecidos: Pablo, Ramiro, Yago, Wladimir,
Manolo, Cigano da Terra, Carmen, Esmeralda, Yasmin, Madalena, Natasha, Rosita,
Cigana do Fogo, Sarita da Estrada, Yordana dos Ventos, entre outros.
Seus
instrumentos de trabalho mais comuns são: lenços, leques, castanholas,
fitas, espelhos, adagas, moedas, medalhas, bolas de cristal, baralhos e
incensos. Mas podem haver outros de acordo com a necessidade dos Guias.
Os Ciganos normalmente gostam de
roupas e adereços coloridos e começou a haver uma fascinação dos médiuns que
passaram a se exceder em suas vaidades, comprando e exibindo roupas
extremamente enfeitadas e luxuosas, adereços e acessórios caros e
desnecessários, o que servia apenas para estimular as suas vaidades e seus
orgulhos. Desta forma, as orientações na maioria das casas de trabalho sérias e
dedicadas à caridade é de que os médiuns continuem utilizando as suas roupas
brancas e uniformes durante as giras de Povo Cigano. No máximo, se permite
apenas um ou outro objeto que seja utilizado pelos Guias como instrumento de
trabalho e não apenas como enfeite que estimule desequilíbrios e fascinações.
Tantos os Guias como as giras de trabalho devem ser tratados com respeito e
responsabilidade.
Ervas:
sândalo, verbena, lótus (flor ou raiz)
Seu dia: quinta-feira (Egunitá),
terça-feira (Iansã) e domingo (Oxalá e Oiá-Tempo)
Cor:
vermelha, azul noite, amarela e branca
Oferenda: velas
vermelhas, azul noite, amarelas e brancas ou amarelas/vermelhas (ou de acordo
com o Guia), flores coloridas sem espinhos, frutas diversas que também não
tenham espinhos, mel, doces finos, pães, água, ponche, bebidas à base de sucos
de frutas, champagne, rum, vinho tinto com mel, chás, incensos. Pode-se colocar
os itens da entrega sobre um papel ou cartolina colorido e da cor preferida do
Guia. As bebidas podem ser colocadas em cuias feitas com as próprias cascas.
Ex: corta-se um maracujá ao meio, tira-se toda sua polpa e utiliza-se ambas as
partes como recipiente. O mesmo pode ser feito com o côco verde ou com laranja.
Ponto
de Força: todos os locais da natureza, em especial nas beiras de estradas e
caminhos e nos campos e campinas
Saudação: Salve o Povo Cigano! Salve os Ciganos!Nota: O texto sobre os Ciganos está fundamentado no livro Os Ciganos na Umbanda escrito por Alberto Marsicano e Lurdes de Campos Vieira, publicado pela Madras Editora Ltda. Algumas outras informações e curiosidades são oriundas de pesquisas realizadas em sites, revistas e no dia-a-dia das Casas e Tendas de Umbanda.
gostaria de saber sobre a cigana ciganinha
ResponderExcluir